Oferecer salários iniciais mais altos
Em comparação com outras profissões que exigem
curso superior,
docência ainda ostenta as piores médias salariais (veja
gráfico
abaixo). A conta é simples: como ocorre em qualquer outra ocupação, se
a remuneração não compensa, os melhores candidatos podem se afastar.
"Aumentar os salários é uma medida que pode fazer efeito a longo prazo,
pois atrairá os melhores alunos do Ensino Médio para a carreira", recomenda
o economista Naércio Menezes Filho, da Universidade de São Paulo (USP). A
dificuldade mais evidente é que a recuperação salarial de toda a categoria
exigiria um alto investimento do governo. Também seria preciso aprofundar a
opção pela Educação Básica, pois hoje o Ensino Superior recebe
proporcionalmente muito mais recursos - cada aluno de Universidade custa, em
média, seis vezes mais do que um aluno de 1ª a 4ª série.
Propor bons planos de carreira
Em geral, as carreiras docentes no Brasil têm uma progressão muito burocrática,
com promoções baseadas quase exclusivamente no tempo de serviço. União, Estados
e municípios precisam criar caminhos para o docente evoluir sem ter de sair da
sala de aula e virar coordenador, diretor ou formador, como ocorre hoje.
Melhorar as condições de trabalho
Falta de condições diz respeito tanto à estrutura material da escola quanto à
dinâmica no ambiente escolar, onde a violência é um dos problemas mais graves
(veja o gráfico na página seguinte). Um local de trabalho agradável motiva os
docentes a seguir ensinando. A solução passa por investimentos na recuperação e
melhoria da infraestrutura e na preparação adequada de gestores e professores
para se aproximar da comunidade, garantindo que todos aprendam e respeitem o
papel social da escola e seu espaço.
Focar a formação em serviço nas
dificuldades em sala
Apesar de o Brasil investir muito em formação continuada, falta considerar o
que o corpo docente de cada instituição deve aprender. "Muitas vezes, não
se sabe quem é o professor, qual sua formação e o que ele precisa para melhorar
sua prática", diz Maria Auxiliadora Rezende, ex-presidente do Conselho
Nacional de Secretários de Educação (Consed). Uma alternativa é planejar
atuações dentro da escola e não só em cursos externos. Nesse aspecto, os
coordenadores pedagógicos têm um papel central: são eles que identificam os
desafios e planejam a formação.
Oferecer uma boa experiência escolar
Se o estudante consegue aprender e tem uma boa
relação com professores e colegas, tende a pensar mais na possibilidade de
escolher a docência. "Precisamos de bons exemplos sobretudo na rede
pública, pois é de lá que atualmente vem a maioria dos professores",
avalia Marli Eliza de André, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
Melhorar a formação inicial
Muitos docentes abandonam a carreira pela frustração de não ajudar
os alunos a
aprender. As deficiências de formação, que começam na
Educação Básica, se
aprofundam nas Licenciaturas e nos cursos de Pedagogia - segundo pesquisa FVC/FCC
de 2008, apenas 28% das disciplinas da grade curricular se destinam à formação
profissional específica. A mudança passa pela transformação dos currículos das
graduações de Educação, com mais espaço para as didáticas específicas.
Resgatar o valor do professor na
sociedade
Por mais evidentes que sejam os problemas relacionados à docência, é necessário
tentar equilibrar a cobertura midiática sobre a precariedade do ensino com
iniciativas positivas para não desmotivar os futuros candidatos. Pouco adianta enfatizar
problemas sem demonstrar possíveis saídas para sua solução. Uma alternativa é
ampliar a divulgação dos prêmios existentes, disseminando iniciativas que
merecem reconhecimento e podem ser adotadas como modelo.
Tratar o professor como profissional
A ideia é desmontar a noção de que a docência exige um dom e um sacrifício
próximos do sacerdócio - trata-se de uma impressão disseminada entre os jovens,
como mostra a sondagem da FVC/FCC. Não bastam atenção, paciência e boa vontade.
É preciso reforçar o saber específico que o profissional possui: o conhecimento
didático e o controle das ferramentas pedagógicas, algo que se constrói não
apenas na graduação, mas ao longo de toda a trajetória profissional.

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